DoMelhor: fim de um ciclo
Há oito anos e meio, no arranque do ano 2006, a Net era bastante diferente: os blogues estavam em rápida expansão, as redes sociais estavam na sua infância (quem ainda se lembra do Hi5 ou do Myspace?) e muito poucos conheciam o Facebook. Nessa altura os chamados sites de jornalismo participativo eram dos mais visitados com predominância para o popular Digg.
Nessa altura já haviam umas tentativas tímidas de criar plataformas semelhantes em língua portuguesa mas com pouca qualidade e com pouca ou nenhuma visibilidade. Foi por isso que nasceu a ideia de criar algo na nossa língua capaz de rivalizar com os sites internacionais.
Como começar do zero estava fora de questão por indisponibilidade de tempo, optámos pelo software open source usado pelo site espanhol Meneame. A língua foi o principal obstáculo a resolver porque em muitos sítios o sistema não estava preparado para outras línguas que não o castelhano. Mas após um fim de semana de trabalho árduo conseguimos meter o site no ar na nossa língua e com um design criado por nós.
Seguiram-se uns poucos dias de testes só entre amigos a quem passámos a palavra e no dia 6 de Janeiro abrimos oficialmente o site a toda a gente. Entre ter a ideia e a abertura passaram-se menos de dez dias.
Com o tempo fomos melhorando o software original, retirando bugs e ampliando as funcionalidades. Com o crescimento fomos sentindo a necessidade de abrir áreas com outras temáticas. Começámos pelo Lazer e seguiram-se Blogues e Vídeos. Pelo caminho ficou a área de Desporto que nunca teve muitos adeptos.
Ao longo dos anos o site foi aumentando o número de visitantes e tornou-se numa referência na área. Tanto foi assim que tivemos necessidade de mudar de servidor várias vezes, o que nem sempre correu bem ;)
Sobretudo nos últimos três a quatros anos houve uma transformação profunda no consumo da Net. O Facebook tornou-se rei e senhor das redes sociais e a sua predominância fez com outros sites sofressem. Foi o caso dos sites como o doMelhor que ou estagnaram ou fecharam de vez porque os cibernautas cada vez tinham menos tempo para visitar sites para além do que encontram no Facebook.
Cedo aderimos ao Twitter e Facebook mas não é fácil ter visibilidade numa plataforma desta dimensão sem algum investimento, temporal e não só, pelos promotores do projeto, coisa que não foi possível.
É por isso com alguma mágoa, mas com o sentimento de dever cumprido, que terminamos esta viagem. Escolhemos esta altura porque não vislumbramos forma de contornar o lento declinar de visitas e interesse dos nossos visitantes e porque achamos sinceramente que o modelo do doMelhor se encontra esgotado.
Assim, deixamos aqui o nosso abraço e agradecimento aos muitos milhares de visitantes que contribuíram com o seu voto, matérias ou comentários ao longo destes longos anos. Do nosso lado as ideias não faltam e esperamos que um podia possamos contar novamente convosco. Bem hajam.
Um agradecimento especial a Ricardo Galli e Benjamí Villoslada (criadores do software Meneame) bem como aos nossos amigos que contribuíram com ideias, sugestões ou críticas: Carlos Vaz, Paulo Jorge Dias, Ricardo Rodrigues, entre outros.
Esta nossa retirada não tem de significar forçosamente o encerramento do doMelhor. Outras cabeças poderão refrescar o modelo e encontrar um novo nicho operacional. Ou então simplesmente aproveitar o prestígio da marca doMelhor e o seu valor em termos de Internet, dos links à acumulação de pontos nos motores de pesquisa. Continuamos interessados em ver continuar a marca que construímos. E estamos abertos a propostas e desafios, envie-nos email ;-)
Os criadores e gestores do doMelhor:
Miguel Vitorino
Paulo Querido